Thursday, January 06, 2005

O meu pai

O meu pai era um homem puro,
nas palavras, nos sentimentos e em tudo o que fazia.
Mas eu não sabia.
Ao Domingo, levava-me pelo pulso, à missa das 11H.
Achava ele, que assim eu nunca fugiria.
Mas eu não sabia.
De regresso a casa, comprava-me sempre um "estica" na loja da D.Mimi e eu fazia com que ele durasse o caminho todo, para me adoçar a dor da sua mão forte e segura.
O meu pai tinha um cheiro neutro a banho fresco e isso marcava a sua ausência de vícios e definia o seu carácter.
Era firme como uma rocha.
E muito fiel às suas convicções.
A nossa referência de vida.
Muitas noites...
sonhava que ele me pegava no colo e me deixava sentir aquele odor, tão exclusivo, a "barba-sempre-feita".
Mas ele não sabia.
Nem nunca vai poder saber.

2 comments:

Conde-Lírios said...

Anda um pai a criar uma filha pra isto:)
hihihiihih

Que Bem Cheira A Maresia said...

Quantas vezes na nossa vida, perdemos a oportunidade de dizer o que sentimos a quem amamos? Mas só o facto de o sentir, é já bastante. O teu pai pode nunca ter ouvido da tua boca essas palavras, mas sentiu-as nos teus gestos!
Beijo grande