Sunday, February 17, 2013

Intensamente



















Tu não percebes porquê
Te reclamo a cada instante
Te procuro em cada beco
Te murmuro no meu peito
Te envolvo no meu eco
Quando grito em desespero
Na minha busca incessante.

Tu não percebes porquê
Eu sou assim tão intensa
Tão veloz como a corrente
Tão imensa...tão imensa
Que desliza sem parar
Sem querer recomeçar
E correr, sempre a correr
Com medo de te perder.

Tu não percebes porquê
E eu não percebo porquê
Não o hás-de perceber...

Se só assim a correr eu te consigo ter.

LC

Wednesday, January 30, 2013

Auto-suficiência













Ontem,
Quando não chegaste à hora marcada,
Vesti o casaco,
Saí de casa
E voltei a entrar.
Imaginei que eras tu a cumprir o combinado
E não te atrasavas de novo para o jantar.

Ontem,
Quando não enviaste nenhuma mensagem,
Peguei no telemóvel,
Num pedaço de coragem  
E escrevi para mim.
Imaginei que eras tu, apaixonado
A dizer que te iria ter até ao fim.

Ontem,
Quando me deitei na cama,
E me cobri com os nossos lençóis de linho,
Enlacei o meu corpo com meus braços
Embalei-me num abraço de vazio
Fiz do teu ninho…agora o meu ninho
Onde já não tens mais nós nem laços
E passeei na minha pele
No meu corpo sedento
Agora de mim
Onde me demoro
E demoro
Sem esperar por ti
E já nem te imagino sequer
A dizer que me vais ter até ao fim.

Hoje,
Quando acordei na cama,
Sorri…
Porque já não precisei de voltar a entrar
E imaginar
Que talvez tu
Te atrasasses de novo para o jantar. 

LC

Monday, January 21, 2013

Podes tudo...podes nada...!



Podes ficar sossegado
Que dos teus braços não saio
Fecha os olhos e descansa
Como se fosses criança
E nunca ninguém no mundo
Te tivesse magoado.

Podes mesmo me apertar
Num abraço bem sentido
Que eu sei que vais acordar
E percorreres o meu corpo
Com dedos leves de vento
Mesmo sem te ter pedido.

E eu ávida de ti
Te respondo num lamento
Num murmúrio abafado
Que eu própria antevi
Por tanto te querer
…meu amado!

Podes nem sequer parar
E me inundares de desejo
Podes invadir meu ser
O meu corpo em investidas
Podes tudo
Podes nada
Nada mais que tudo em mim
Que eu vou parar o tempo
E vou voltar ao lamento
E gemer…
Até ao fim.

Podes retomar a dança
Do meu corpo…do teu corpo
Podes mesmo alimentar-te
Do meu não e do meu sim
Podes tudo
Podes nada
Nada mais que o mundo inteiro
Te espero e em ti regresso
Meu amor verdadeiro…
Volta aos meus braços…te peço
Como se fosses criança,
Fecha os olhos e descansa.

LC

Wednesday, January 16, 2013

Estou zangada...













Estou zangada…
E depois?

Tenho raiva, fome e dor
Muita tristeza no peito
Muita mágoa ao meu jeito
E pouco amor…
Muito pouco amor!

Estou zangada…
E depois?

Tenho a vida ensanguentada
Das feridas dilacerantes
Tenho frio e pouca fé
A alma toda esfarrapada
E já não tenho mais nada.


Já nada é como dantes
E já nem sei como é.

Estou zangada…
E depois?

Ninguém sabe o que me toca
Ninguém me vê a chorar
Ninguém me adivinha insana
Feia, louca e convencida
Deste mundo…desta vida
Onde já nem sei amar!

Estou zangada…
E depois?

Esta zanga não tem nome
Esta cruz não tem tamanho
Este medo de ser tanto
Deixou de ser algo estranho
E eu já só quero
Nascer
E renascer
Noutro mundo
Noutra vida
Noutro espaço bem diferente
Onde eu tenha o meu lugar
Finalmente.

Estou zangada…
E depois?

Não é algo que me espante
Neste meu ser tão errante
Onde sei que vais chegar
Em qualquer dia
Em qualquer hora
Em qualquer lugar
Eu vou saber esperar.

Estou zangada…
E depois?

LC