Saturday, July 16, 2011

Não é a ti que amo...nem nunca te vou amar.














Esperei tranquilamente pela tua última palavra.

Não!

Não é a ti que amo nem nunca te vou amar.

Cruel, duro e insensível.

Mas verdadeiro.

E eu mal podia esperar que aquele encontro se esfumasse

E fosse outra pessoa no meu lugar!

Os óculos esconderam o meu olhar.

Como poderia arriscar?

Veres-me desnudada e a sangrar

Enquanto me revelavas todos os detalhes do nosso acabar?

Mantive-me em silêncio e atenta.

Mas a mente mirrou e foi ficando cada vez mais lenta.

As tuas palavras arrastadas pelo vento…

E eu a acreditar

Que era outra pessoa no meu lugar.

Queria negar.

Mas como? Se já não percebia o teu falar?

Eu não te amo nem nunca te vou amar

E não finjas.

Não te defendas.

Não te escondas.

Porque és tu que estás aqui à minha frente.

Não é outra pessoa nesse lugar.


A minha mente voltou.

E foi no meu cabelo que o vento soprou

E me devolveu todas as palavras que eu não tinha ouvido.

Olhei para ti.

Não te reconheci.

Finalmente, percebi.

Era mesmo eu que estava ali.

Mas do outro lado da mesa,

havia outra pessoa no teu lugar.

De ollhar vazio…como que absorvido.

Sem expressão … nem brilho no olhar.

A conversa entre alguém que nunca esteve,

Tinha terminado de repente

O que foi dito,

O vento levou, trouxe e guardou.

O que não foi dito,

Foi esquecido lentamente.

e naquele abraço de perdão e medo

ficou para sempre o nosso segredo!


LC


Thursday, July 14, 2011

Amante...













Já não me atrais.

Já não quero a tua forma de ser,
O teu jeito de menino independente
Era apenas uma forma de te ver.

Já não me seduzes.
Já nada em ti é belo e confiante
O teu olhar perdeu o brilho que lhe dei
E eu já não te quero como amante.

Já não te distingo na multidão.
És mais um que passa e não se nota
És mais um que se mistura entre os demais
E eu não te quero mais.

Já consigo adormecer sem te rever.
Já consigo acordar sem te lembrar.
Os meus dias já não passam devagar,
Pelo encontro que não vai acontecer.

Já nada em ti me enche a minha alma.
O teu rosto é apenas mais um rosto,
O teu cheiro uma vulgar fragrância
E já não reconheço sequer a tua calma.

Já não sei sequer como te chamas.
Já esqueci teu nome, sobrenome e pseudónimo.
Já não me voltas a chamar de Laura.
Para ti sou apenas um anónimo.

Já não te reconheço se te encontrar.
Não te dirijas a mim sem eu saber
Porque quando te olhar e reolhar,
Eu sei que já não te vou reconhecer!

Mas se voltares a deixar entrar o mar,
Naquela janela tão distante
E esperares comigo que o sol repouse
E ficarmos juntos
até que ele se levante...
Talvez aí,
talvez aí, eu volte a ser a tua amante!

LC

Não aceitar.




















Podes até fingir que não me vês,
podes esconder o olhar debaixo dum chapéu,
podes desviar-te entre milhares e
pensares que o céu escureceu!

Podes pintar o rosto de azul,
e colocares névoas nos teus olhos,
podes até pensar que és uma nuvem,
e que danças com um vestido aos folhos!

Podes fugir e correr esbaforido,
Fintar a tua corrida em cada esquina,
Olhar para tras para não me veres,
e pensares que venceste a tua sina.

Podes rir de contente pela vitória,
podes festejar de braços no ar,
podes respirar de alívio
e pensar: "consegui...eu consegui me libertar"!

Podes passar a vestir-te de negro,
e inventares que é de luto que te vestes,
passares a chorar a toda a hora,
para haver razão que te lamentes.

Podes até morrer sem eu querer,
para, por fim, o fado acontecer,
Podes sim, parar de respirar,
mas… eu nunca vou aceitar!

Aceitar que te foste, é morrer!
Aceitar que te escapas, é desistir
Aceitar que te vais e não regressas,
é partir, para sempre e nunca mais te ter!

Podes ir!
Que eu vou deixar que a vida te acolha
em qualquer lugar,
onde eu vou estar...!

Para impedir que te destruas,
Que o sol deixe de raiar,
Para o segurar dentro de ti
E iluminar de novo o teu olhar!

LC

Wednesday, July 13, 2011

Erradamente!...


















Se um dia eu tiver de desaparecer,
que seja num dia de Verão,
numa manhã cheia de luz,
e uma mão na minha mão!



Se um dia eu tiver de desaparecer,
não vais ser tu a derrubar-me,
a ter-me e a não ter-me,
nem a querer-me sem me querer!



Se um dia eu tiver de desaparecer,
não vai ser porque tu queres,
não vai ser porque tu pedes,
nem que eu tenha de morrer!

Se um dia eu tiver de desaparecer,
que seja no meio dum sonho,
em que tudo de belo me acontece,
se merecer ou não merecer!

Se um dia eu tiver de desaparecer,
que seja por aquele amor,
que nunca tive e nunca dei,
que tive sem o saber
e que dei sem o querer!

Se um dia eu tiver de desaparecer,
não chores na minha campa,
não lamentes a minha vida,
não me recrimines,
nem me acuses do que fiz,
e do que não fiz,
porque nesse dia,
eu vou voltar a ser como era dantes,
sem qualquer dor ou sofrimento,
a ser mais um ponto no céu,
a quem hoje chamas estrela cadente!

Erradamente!

LC

Friday, July 08, 2011

O que acontece quando se perde “o melhor amigo”….














O que acontece quando se perde “o melhor amigo”….
Seja ele cão, gato ou gente?
Apesar de nascermos sós e termos como sentença uma morte solitária…
O “melhor amigo” renasce sempre que nos sentimos renascer e morre sempre que nos sentimos a morrer.

O que acontece quando se perde “o melhor amigo”…
Seja ele cão, gato ou gente?
Para onde vão as nossas confidências quando ele parte?
Para onde vão os “pedaços” da nossa alma…que ele nos foi conquistando?
A quem telefonar….no meio dum ataque de solidão?
A quem pedir auxílio…mesmo que o motivo da urgência não faça sentido?

O que acontece quando se perde “o melhor amigo”….
Seja ele cão, gato ou gente?
Como se tapa o “buraco” que se abre no peito quando ele se vai?
O “buraco” que não pára de crescer e nos vai consumindo paulatinamente?

O que acontece quando se perde “o melhor amigo”….
Seja ele cão, gato ou gente?
Como se cala o grito abafado que nos persegue dia e noite?
Como se conta a toda a gente que a dor nos dilacera o peito?
Quem nos vai entender?

O que acontece quando se perde “o melhor amigo”….
Seja ele cão, gato ou gente?
Como se vive sem uma “parte” de nós….
Que nos faz acordar a sorrir…
E nos faz adormecer cansada de felicidade?

O que acontece quando se perde “o melhor amigo”….
Seja ele cão, gato ou gente?
Como se “parte” com ele…mesmo sem saber para onde ele partiu?
Como se vai ao seu reencontro?
Como se lhe diz …
FICA!!!!
Eu juro que fico quietinha num canto só para não te ver partir!

O que acontece quando se perde “o melhor amigo”….
Seja ele cão, gato ou gente?
Perde-se tudo e ganha-se nada.
Tudo é vazio e pó de estrada.
Onde rastejas perdido sem saber para onde ir…
Numa encruzilhada!

O que acontece quando se perde “o melhor amigo”….
Seja ele cão, gato ou gente?
Fica-se minúsculo…cada vez mais minúsculo!
Até que não se é nada !

08/07/2011

LC