Wednesday, January 30, 2013

Auto-suficiência













Ontem,
Quando não chegaste à hora marcada,
Vesti o casaco,
Saí de casa
E voltei a entrar.
Imaginei que eras tu a cumprir o combinado
E não te atrasavas de novo para o jantar.

Ontem,
Quando não enviaste nenhuma mensagem,
Peguei no telemóvel,
Num pedaço de coragem  
E escrevi para mim.
Imaginei que eras tu, apaixonado
A dizer que te iria ter até ao fim.

Ontem,
Quando me deitei na cama,
E me cobri com os nossos lençóis de linho,
Enlacei o meu corpo com meus braços
Embalei-me num abraço de vazio
Fiz do teu ninho…agora o meu ninho
Onde já não tens mais nós nem laços
E passeei na minha pele
No meu corpo sedento
Agora de mim
Onde me demoro
E demoro
Sem esperar por ti
E já nem te imagino sequer
A dizer que me vais ter até ao fim.

Hoje,
Quando acordei na cama,
Sorri…
Porque já não precisei de voltar a entrar
E imaginar
Que talvez tu
Te atrasasses de novo para o jantar. 

LC

Monday, January 21, 2013

Podes tudo...podes nada...!



Podes ficar sossegado
Que dos teus braços não saio
Fecha os olhos e descansa
Como se fosses criança
E nunca ninguém no mundo
Te tivesse magoado.

Podes mesmo me apertar
Num abraço bem sentido
Que eu sei que vais acordar
E percorreres o meu corpo
Com dedos leves de vento
Mesmo sem te ter pedido.

E eu ávida de ti
Te respondo num lamento
Num murmúrio abafado
Que eu própria antevi
Por tanto te querer
…meu amado!

Podes nem sequer parar
E me inundares de desejo
Podes invadir meu ser
O meu corpo em investidas
Podes tudo
Podes nada
Nada mais que tudo em mim
Que eu vou parar o tempo
E vou voltar ao lamento
E gemer…
Até ao fim.

Podes retomar a dança
Do meu corpo…do teu corpo
Podes mesmo alimentar-te
Do meu não e do meu sim
Podes tudo
Podes nada
Nada mais que o mundo inteiro
Te espero e em ti regresso
Meu amor verdadeiro…
Volta aos meus braços…te peço
Como se fosses criança,
Fecha os olhos e descansa.

LC

Wednesday, January 16, 2013

Estou zangada...













Estou zangada…
E depois?

Tenho raiva, fome e dor
Muita tristeza no peito
Muita mágoa ao meu jeito
E pouco amor…
Muito pouco amor!

Estou zangada…
E depois?

Tenho a vida ensanguentada
Das feridas dilacerantes
Tenho frio e pouca fé
A alma toda esfarrapada
E já não tenho mais nada.


Já nada é como dantes
E já nem sei como é.

Estou zangada…
E depois?

Ninguém sabe o que me toca
Ninguém me vê a chorar
Ninguém me adivinha insana
Feia, louca e convencida
Deste mundo…desta vida
Onde já nem sei amar!

Estou zangada…
E depois?

Esta zanga não tem nome
Esta cruz não tem tamanho
Este medo de ser tanto
Deixou de ser algo estranho
E eu já só quero
Nascer
E renascer
Noutro mundo
Noutra vida
Noutro espaço bem diferente
Onde eu tenha o meu lugar
Finalmente.

Estou zangada…
E depois?

Não é algo que me espante
Neste meu ser tão errante
Onde sei que vais chegar
Em qualquer dia
Em qualquer hora
Em qualquer lugar
Eu vou saber esperar.

Estou zangada…
E depois?

LC