Tuesday, February 22, 2005

Delírio


Alfonso Izco



Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci...


Olavo Bilac

7 comments:

mdm said...

:)
Gosto da pintura e foi a primeira vez que li Bilac!

Pedro Lima said...

"Quero, em pleno esplendor , viço e frescura,as formas nuas, livres; Da Vênus opulenta e pura, todas as saliências destacadas."

De um outro parnasiano...

Papo-seco said...

E obedeceu muito bem

Muito bem conjugada a imagem com o poema

:)

Anonymous said...

concordo , obedeu , muito bem...

Anonymous said...

Essa imagem é linda e fica lindamente nesse poema!
Beijos gordos

Pedro said...

:-)

Anonymous said...

gostei muito de te conhecer por entre tantas palavras e sentimentos que vivem aqui no teu cantinho....